ETERNITY
This was the place. On Monday the 28th February 2005, on what turned out to
be the coldest night of that year, I found Lucas on this right place. A
small curious puppy wandering while I was driving alone. He was my best
friend, my companion. For 12 years we shared everything, everyday, we went
everywhere together. When he died I was with him alone, I buried him alone,
I cried alone. He left and something in me left with him.
Then the time came to move back home (I was living somewhere else at the
time of his death) and I just felt that I couldn’t leave him behind. So I unearthed
him, a whole mummified body of dried bones, fur and skin. I made a bonfire and brought his ashes with me back home. It just felt
right that way!
A couple of months ago, back in August, I realised it was time to say
goodbye. It didn’t make sense for his ashes to be in a little box at home
anymore. That was when this place, this precise stretch of road came to
mind and I knew what to do. I had to close the cycle!
Yesterday I returned alone, nearly 200 kilometers away and scattered his ashes under an
old olive tree by the side of the road next to where I found him almost
14 years ago. I left him to the wind and listen to the silence and something was complete, a mission
accomplished, everything in its right place ... and a deep sense of quiet
peace grew inside of me.
Life moves on! Yesterday I closed one cycle but I also closed another much wider one,
of exactly 27 years today.
27 years of hopes, of broken dreams, of building and loss, deep loss, of uncertainties, trials
and errors while so often taking wrong turns by not listening to my inner self, by not knowing.
Everything is so much clear now, so many things make sense and fit perfectly
now simply because there is a reason for everything.
Another chapter is finished, a volume is complete. Now is the beginning of
another one. A new chapter, a new volume that feels pretty lonely, yet an unknown place that feels strong and structured and certain. Life and the future will be another thing different
from what it used to be and I’m writing my history but there is something that now I know and that is memories are the place where we keep eternity.
●
Este é o lugar. Na Segunda-feira dia 28 de Fevereiro de 2005, na que viria a ser a noite mais fria desse ano, encontrei o Lucas neste lugar. Um cachorro curioso que andava a vaguear enquanto eu conduzia sozinha. Ele foi o meu melhor amigo, o meu companheiro. Durante 12 anos partilhámos tudo juntos, todos os dias, fomos inseparáveis. Quando ele morreu estava sozinha com ele, enterrei-o sozinha, chorei sozinha. Ele partiu e algo de mim partiu com ele.
Até que chegou a altura de regressar a casa (eu estava a viver noutro lugar quando ele morreu) e simplesmente senti que não o podia deixar ficar para trás. Por isso desenterrei-o, um corpo inteiro mumificado de ossos secos, pele e pêlo. Fiz uma fogueira e trouxe as cinzas comigo de regresso a casa. Senti que era assim que deveria ser!
Há uns meses atrás, em Agosto, percebi que tinha chegado a altura de me despedir. Já não fazia sentido as suas cinzas estarem fechadas numa caixinha aqui em casa. Foi quando este lugar, este preciso troço de estrada me veio à mente e eu soube o que tinha de fazer. Era preciso fechar o ciclo!
Ontem regressei sozinha, quase a 200 quilómetros de distância e espalhei as suas cinzas debaixo de uma velha oliveira ao lado da estrada onde o encontrei quase há 14 anos atrás. Deixei-o ao vento e ouvi o silêncio e algo ficou completo, uma missão cumprida, tudo no lugar certo ... e uma profunda tranquilidade cresceu em mim.
A vida continua! Ontem fechei um ciclo mas também fechei um outro maior, de exactamente 27 anos hoje. 27 anos de esperanças, de sonhos quebrados, de construção e perdas, profundas perdas, de incertezas, tentativas e falhanços por tomar caminhos errados, por não ouvir a minha voz interior, por não ter conhecimento. Tudo é tão mais claro agora, tantas coisas fazem tão mais sentido e encaixam perfeitamente agora simplesmente porque há uma razão para todas as coisas.
Um capítulo terminou, um volume está completo. Agora é o início de um outro. Um novo capítulo, um novo volume que sinto solitário mas ainda assim um lugar desconhecido que sinto forte e estruturado e exacto. A vida e o futuro serão uma outra coisa diferente do que costumava ser e escrevo a minha história mas há algo que agora compreendi, é que as memórias são o lugar onde se guarda a eternidade.
●
Este é o lugar. Na Segunda-feira dia 28 de Fevereiro de 2005, na que viria a ser a noite mais fria desse ano, encontrei o Lucas neste lugar. Um cachorro curioso que andava a vaguear enquanto eu conduzia sozinha. Ele foi o meu melhor amigo, o meu companheiro. Durante 12 anos partilhámos tudo juntos, todos os dias, fomos inseparáveis. Quando ele morreu estava sozinha com ele, enterrei-o sozinha, chorei sozinha. Ele partiu e algo de mim partiu com ele.
Até que chegou a altura de regressar a casa (eu estava a viver noutro lugar quando ele morreu) e simplesmente senti que não o podia deixar ficar para trás. Por isso desenterrei-o, um corpo inteiro mumificado de ossos secos, pele e pêlo. Fiz uma fogueira e trouxe as cinzas comigo de regresso a casa. Senti que era assim que deveria ser!
Há uns meses atrás, em Agosto, percebi que tinha chegado a altura de me despedir. Já não fazia sentido as suas cinzas estarem fechadas numa caixinha aqui em casa. Foi quando este lugar, este preciso troço de estrada me veio à mente e eu soube o que tinha de fazer. Era preciso fechar o ciclo!
Ontem regressei sozinha, quase a 200 quilómetros de distância e espalhei as suas cinzas debaixo de uma velha oliveira ao lado da estrada onde o encontrei quase há 14 anos atrás. Deixei-o ao vento e ouvi o silêncio e algo ficou completo, uma missão cumprida, tudo no lugar certo ... e uma profunda tranquilidade cresceu em mim.
A vida continua! Ontem fechei um ciclo mas também fechei um outro maior, de exactamente 27 anos hoje. 27 anos de esperanças, de sonhos quebrados, de construção e perdas, profundas perdas, de incertezas, tentativas e falhanços por tomar caminhos errados, por não ouvir a minha voz interior, por não ter conhecimento. Tudo é tão mais claro agora, tantas coisas fazem tão mais sentido e encaixam perfeitamente agora simplesmente porque há uma razão para todas as coisas.
Um capítulo terminou, um volume está completo. Agora é o início de um outro. Um novo capítulo, um novo volume que sinto solitário mas ainda assim um lugar desconhecido que sinto forte e estruturado e exacto. A vida e o futuro serão uma outra coisa diferente do que costumava ser e escrevo a minha história mas há algo que agora compreendi, é que as memórias são o lugar onde se guarda a eternidade.